“E ele clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe uma árvore,
que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces.” Êxodo 15:25
Da janela de meu escritório vejo um quadro de
postes, transformadores, fios e isolantes marcados pelo tempo e pela poeira. São
muito úteis, pois transportam a eletricidade que faz minha vida confortável. Porém
visualmente eles só servem para deixar a paisagem mais feia e triste. São verdadeiros
intrusos na tela, não fazem parte da obra do Pintor em minha janela, mas de homens.
Não deveriam estar ali, mas estão.
Os postes que vejo da janela são de concreto, mas
sou de uma época quando postes eram de ferro ou madeira. Em frente à minha casa
havia um de ferro, feito com trilho de trem, com o qual costumávamos brincar. Uma
criança segurava nele, dava a mão para outra criança, e mais outra, até a última
tocar a grade de ferro do portão. O choque era nossa diversão e mostrava quem
era valente e quem não.
Nos anos oitenta conheci um poste em Alto Paraíso, Goiás,
que era único. Ficava na rua principal, bem em frente ao pequeno hotel da cidade
e, como todos os outros postes da rua, segurava os fios no topo, porém tinha galhos,
folhas e flores. Era um poste, cuja madeira tinha sido devidamente descascada e
aparelhada para formar uma viga com cantos vivos, mas quem derrubou a árvore não
conseguiu matar o Ipê que havia nela. Uma vez fincado no chão, criou raízes e a
árvore voltou à vida.
A princípio pensei que fosse uma árvore que já
existia ali e tinha sido aproveitada para segurar os fios da rua, mas não. O poste
tinha vindo de um lugar distante já em seu formato talhado, só que verde o
suficiente para voltar a brotar. Ele continuou dando flores no seu tempo, enfeitando
a rua e surpreendendo os moradores e visitantes da cidade.
Um poste assim foi fincado há dois mil anos fora da
cidade de Jerusalém. Não serviu para segurar fios ou pendurar lâmpadas. Era um
poste para matar. Um Homem, com as mãos pregadas numa outra viga, foi içado até
o seu alto e as duas madeiras unidas lá em cima, em forma de cruz. Ao contrário
do poste metálico de minha infância, aquele Homem não receberia um choque
divertido, mas toda a descarga da ira e do juízo divino contra o pecado da
humanidade. Ali Jesus se colocou entre Deus e os homens, para que todo aquele
que nele viesse a crer ficasse livre da descarga do juízo de Deus.
À semelhança do poste na rua principal de Alto
Paraíso, a obra consumada naquele feio madeiro fincado no Monte da Caveira há
dois mil anos floresceu e até hoje traz salvação eterna para aquele que crê em
Jesus. Daquele lugar de dor e morte literalmente saiu vida, e vida abundante.
Oh ! que grande prazer inundou o meu ser,
Conhecendo este tão
grande amor.
Que levou meu Jesus
a sofrer lá na cruz
Prá salvar um tão
pobre pecador.
Foi na cruz, foi na
cruz, onde um dia eu vi,
Meu pecado
castigado em Jesus.
Foi ali pela fé,
que meus olhos abri,
E eu agora me
alegro em sua luz.
Extraído do hino“Foi na Cruz”,
por Isaac Watts (1674-1748), Ralph E. Hudson (1843-1901), Henry M. Wright
(1849-1931)
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