Rosa e azul



Não queremos que este reine sobre nós. Lucas 19.14

O quadro em minha janela é um prenúncio de que tudo será cor-de-rosa e azul. Será? O quadro revela bem como o Pintor gostaria que as coisas fossem neste mundo. Cor-de-rosa e tudo azul. Mas não é assim que tem sido.

Então devemos nos esforçar para tornar este mundo um lugar melhor, certo? Errado. Este mundo nunca será um lugar melhor pelo esforço do homem. É certo que cada um deve fazer o melhor de si, mas ninguém se engane quanto ao que está reservado para este mundo. Nem toda tinta cor-de-rosa e azul que possamos utilizar irá mudar isso.

Todavia o Pintor mostra, no quadro, a paciência com a qual o ser humano tem sido tratado neste mundo. O mesmo ser humano que um dia pregou o Filho de Deus numa cruz, depois de persegui-lo e humilhá-lo. O que Deus fará com um mundo que rejeitou a Seu Filho? Dará um mundo melhor para pessoas assim?

"Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno". "Porque não são do mundo, como Eu não sou do mundo" "Não rogo pelo mundo" "Não perdoou o mundo antigo, mas guardou a Noé...". "Os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo... " (1 Jo 5:19; 2 Pd 3 Jo 17.14 Jo 17.9 2 Pd 2.5)

O mesmo céu cor-de-rosa e azul do quadro em minha janela está reservado para o fogo, assim como a terra habitada pela ingratidão humana. Você ainda acredita que este mundo pode ser melhorado? Como, se o próprio Deus foi expulso dele por Suas criaturas que não queriam que Ele reinasse?

"Mas nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça" 2 Pd 2.5

Lar, Doce Lar



Ah, se eu soubesse onde encontrá-lo, e pudesse chegar ao seu tribunal! Exporia ante ele a minha causa, e encheria a minha boca de argumentos. Jó 23: 3, 4

O quadro em minha janela é a fachada do edifício onde moro. É o máximo de fachada que consigo enxergar, olhando da sacada de meu apartamento para o alto. O lugar onde moro é meu lar, o lugar para onde retorno após as viagens, o lugar onde sei que vou encontrar refúgio. É por isso que na porta há um quadrinho que diz: "Lar, Doce Lar".

Em seu desespero, Jó não roga a Deus que restaure sua saúde, que faça seus filhos voltarem do túmulo e suas riquezas serem devolvidas pelos ladrões. Ele roga que Deus revele onde está para Jó correr para Ele. Jó tem certeza de que Deus o ouviria. Esta é a característica do que crê. "Ele me daria ouvidos".

O que faz, na hora da angústia, o homem que não conhece a Deus? Foge dEle, como fizeram Adão e Eva; rebela-se contra Ele, nega Sua existência. O último lugar onde o ser humano gostaria de estar é na presença de Deus. Mas é sob as asas do Altíssimo que Jó gostaria de se esconder naquela hora.

Seus melhores amigos estão ali o acusando de viver em pecado. Não era verdade. Não era por causa de pecados que Jó caíra em desgraça. Deus afirma isto no primeiro capítulo. Seus três amigos estavam indo muito bem até decidirem abrir a boca. Jó conhecia a Deus. Seus amigos não.

Os amigos argumentam com base na experiência pessoal (Elifaz: Jó 4:8 - "Segundo eu tenho visto"), na tradição dos homens (Bildade: Jó 8:8 - "Indaga, pois, eu te peço, da geração passada, e considera o que seus pais descobriram") e na religião convencional, que é a tentativa de auto-aperfeiçoamento para ser aceito por Deus (Sofar: Jó 11:13 - "Se tu preparares o teu coração, e estenderes as mãos para Ele").

Para quem você corre na angústia? Para a experiência humana, para a tradição, para a religião ou para os braços do Salvador? Jó, apesar de suas muitas falhas, sabia que podia encontrar refúgio na presença de Deus.

O que encontramos quando nos refugiamos na presença de Deus? O mesmo que encontrou a mulher adúltera nos evangelhos, a única que ficou na presença do Senhor depois que todos os seus acusadores fugiram. Foi a única que ouviu da boca do Salvador as palavras: "Nem eu te condeno".

De gota em gota



Não os expulsarei num só ano, para que a terra não se torne em deserto, e as feras do campo não se multipliquem contra ti. Pouco a pouco os lançarei de diante de ti... Êxodo 23:29, 30

O Pintor deixou um quadro curioso em minha janela. São gotas de uma chuva rápida enfeitando o vidro, pequeninas, frágeis, aparentemente sem grande importância. Só aparentemente, porque se não fosse por essas pequenas gotas nós não poderíamos viver neste planeta.

Deus havia preparado uma terra para o Seu povo, porém ela não estava totalmente vazia e nem pronta para eles habitarem nela. Havia inimigos morando ali, os quais Deus pretendia expulsar pouco a pouco, de gota em gota. Sábio Ele é.

Se expulsasse a todos de uma só vez, como provavelmente o povo de Israel queria, logo a terra se tornaria selvagem, cheia de animais ferozes e coberta de mato. O problema resolvido rapidamente traria problemas mais sérios.

Mas se fosse pouco a pouco, de gota em gota, lentamente, no compasso determinado por Deus, eles poderiam ter aquilo que desejavam com menor dificuldade. Desde que tivessem paciência para esperar.

Quantas vezes gostaríamos que Deus eliminasse de vez todos os nossos problemas e não vemos isso acontecer... Mas, se Deus os expulsasse todos de uma vez, quais seriam as conseqüências disso? Eu não sei, mas Ele sabe.

Como Ele faz com a chuva, que rega a terra e traz abundância de frutos, Deus costuma agir de gota em gota. A chuva não é menos eficaz pelo fato de vir de gota em gota. Assim são as pequeninas gotas de bênção e misericórdia que vemos cair em nosso dia-a-dia - às vezes nem vemos - vindas da mão de Deus. Ele sabe o que aconteceria se derramasse uma enxurrada de soluções do modo como gostaríamos que fosse.

Ainda bem que esta chuva veio em gotas, pequeninas, frágeis e aparentemente sem grande importância. Se fosse diferente, o vidro de minha janela não teria suportado o impacto.

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