“Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos
teus feitos.”
Salmos 77:12
Quando vi uma pena de pássaro no peitoril da janela
de meu apartamento concluí que um pássaro havia passado por ali. Ou talvez ela
tivesse se desprendido de sua asa durante o voo, vindo pousar suavemente em
minha janela. Sem ruído, sem estardalhaço. Simplesmente pousou ali. Não vi como
foi que aconteceu, mas pelo que agora sei posso crer que tenha sido assim.
A fé do cristão não é baseada naquilo que vê, embora
ele possa ter às vezes evidências que ajudem a crer naquilo que não vê. A fé do
cristão é baseada no testemunho que Deus deu, primeiro de sua Criação, e depois
de seu Filho vindo ao mundo salvar pecadores.
As grandes obras de Deus no passado hoje repousam
silenciosamente em minha Bíblia. Sem ruído, sem estardalhaço. São pequenas
letrinhas que me ajudam a conhecer o que Deus fez, como se fossem pequeninas
penas negras de tinta pousadas nas páginas brancas de minha Bíblia. Então hoje,
distante no tempo da época quando aquelas coisas ocorreram, eu posso olhar para
as letras gravadas pela pena de Deus, crer e descansar.
O salmista Asafe clamou a Deus em um momento de
aflição, e profeticamente indicando os sofrimentos e inquietações de Jesus
diante da obra que precisaria consumar. “No
dia da minha angústia busquei ao Senhor; a minha mão se estendeu de noite, e
não cessava; a minha alma recusava ser consolada.” (Sl 77:2). Ele se sentia
abandonado por Deus. Parecia que a sombra de sua amorosa mão já não podia
protegê-lo do causticante sol deste mundo deserto.
Então o salmista recorre à lembrança do que Deus havia
feito no passado, de seus grandes feitos para com o seu povo Israel, de como o seu
poder lhes tinha tirado do Egito, redimindo-os da escravidão e guiando-os pelo
deserto até sua morada prometida. Tudo isso Deus tinha feito, e ainda que de
tudo aquilo nem uma pena pequenina restasse, mesmo assim o salmista sabia que
podia crer.
Se Asafe tinha apenas a redenção do povo de Israel
do Egito, quanto mais temos nós, os que cremos em Jesus? Redimidos da escravidão
do pecado e da morte e destinados ao céu, quantas razões mais temos nós — quantas penas de evidência! — para crer que Deus não nos abandona. Deus fez uma
grande obra para me salvar, e agora faz uma grande obra para me manter assim.
Ainda que às vezes eu só enxergue uma pequena pena caída em minha janela.
Seu amor no passado não me permite pensar,
Que ele irá no
presente me deixar afundar,
Pois cada feito seu,
qual um marco eu vejo,
Confirmando seu
amor e o Seu bom desejo.
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