Qual a cor das nuvens?



“Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” 1 Coríntios 2:9

Outro dia apresentei a você o Pintor em minha janela. Isso mesmo, aquele que todos os dias produz uma nova obra de arte a partir de um único motivo: a paisagem e o céu emoldurados por minha janela. Você já deve ter percebido que não me canso de falar desse Pintor e de sua habilidade, não é mesmo?

Pois hoje resolvi dar mais uma olhadinha em seu trabalho. Ele estava lá, pintando outra vez. Nunca consigo ver seu trabalho acabado, mas tampouco o vejo inacabado. É incrível que alguém consiga pintar assim — a cada nova pincelada ele é capaz de deixar a perfeição ainda mais perfeita, os traços mais bem definidos, e as cores mais coloridas.

Ao contrário do ouro e anil que usou no quadro de alguns dias atrás, hoje sua paleta é azul suave. Até me sinto um pouco azul assim — calmo, sereno, tranquilo. Azul claro. Mas há nuvens brancas pairando no alto da tela. Brancas? Você já viu uma nuvem branca? Não existem nuvens brancas. Descobri que o Pintor nunca as pinta assim.

Lembrei-me de um diálogo que acontece no filme “Moça com brinco de pérola”, uma pintura cinematográfica baseada em uma novela de Tracy Chevalier. O tema do filme é o quadro de mesmo nome, pintado por Johannes Vermeer, por volta de 1660, e considerado a “Mona Lisa holandesa”.

Recentemente um inventor texano recriou as técnicas fotográficas utilizadas por aquele Pintor, sugerindo que ele transformava seu estúdio em uma câmara escura para pintar, como se estivesse dentro de uma câmera fotográfica gigante. A imagem refletida sobre a tela recebia então a tinta nas cores e proporções do modelo real.

Mas o que chamou minha atenção no filme foi a percepção da personagem que servia de modelo com brinco de pérola, cujo retrato estava sendo pintado. No enredo ela percebe que existe muito mais que uma mera cor branca em uma nuvem. É verdade. Para você ter uma ideia, apenas na nuvem “branca” de uma foto digital que tirei da paisagem em minha janela, meu programa de edição de imagem detectou quase vinte mil cores. Mais da metade das quase quarenta mil cores registradas na foto inteira está numa nuvem que qualquer um diria que é branca!

Em cada nuvem de minha vida, e da sua também, existem muitas cores. É preciso um olhar atento para percebê-las e se deleitar com elas. Devido à baixa resolução de nosso pensamento, aos limites de nossa percepção, e ao embotamento de nossa visão, nem sempre percebemos aquilo que está fora da faixa mais popular do espectro. Por isso é preciso colocar óculos especiais para enxergar; é preciso olhar através das lentes do Pintor celestial, para descobrir que até mesmo na monótona nuvem branca de nossa vida existe uma profusão de cores maior do que somos capazes de perceber ou contar. Cores “que o olho não viu” (1 Coríntios 2:9).


Um Pintor em minha janela - Minha vida morando em uma galeria de arte - Mario Persona
Um dia percebi que havia Um Pintor em minha janela, colocando sempre ali um novo quadro e renovando sua pintura a cada manhã, tarde ou noite. Um dia de cada vez ele ia mostrando a sua arte e talento para enfeitar o céu. Neste livro reúno meus pensamentos sobre cada quadro que via em minha janela. Um dia de cada vez, um quadro de cada vez. É no mesmo compasso que ele cuida de mim, de dia em dia, e é assim também que ele quer cuidar de você.
Livro: ClubedeAutores.com.br

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